Talvez o título não seja o mais adequado ou até mesmo justo para com a nova versão do programa de processamento de texto (?) da Apple e que vem integrado com o iWork ’09, mas esta é a sensação que fica depois de o testar.
A primeira dificuldade que tenho é em apontar claramente qual é o target desta aplicação – será que se trata de uma ferramenta de processamento de texto ou será que estamos na presença de uma ferramenta de publishing. Ou será que estamos a falar de uma mistura entre ambas?
Seria tremendamente injusto se não referisse o esforço notável que a Apple fez para conseguir melhorar a anterior versão do Pages ‘08, e de certa forma conseguiu. Acrescentou novas funcionalidades, melhorou outras, resolveu alguns bugs, e até apresenta algumas funcionalidades que são únicas. Mas, se “espremermos” bem o Pages ‘09, aquilo que conseguimos retirar de lá, como funcionalidades que se pretendem ter num bom processador de texto, são muito limitadas. E passo a explicar porquê…
É difícil conceber um processador de texto que não possua funcionalidades standard como por exemplo a criação automática de headings numerados, e a geração de índices com base nesses mesmos headings. Também não existe uma forma de criar legendas (captions) de forma automática e numerada para imagens e ou tabelas, o que limita a experiência a nível do processamento de texto – principalmente a nível da produtividade. Igualmente omissa da aplicação é a criação e gestão de cross references.
Por outro lado, a Apple tentou compatibilizar o Pages ’09 com outros formatos de ficheiros – nomeadamente com o Microsoft Word (.doc). É um esforço louvável, mas ainda com muitas lacunas. Quase todos os ficheiros de Word, um pouco mais complexos, que importei para o Pages ‘09, deram alguns erros e/ou ficaram com uma formatação estranha. O mesmo acontece com o processo inverso.
Depois é difícil compreender a opção da Apple pela utilização de um formato de ficheiro proprietário (.pages) quando teria sido muito mais simples e eficiente, do ponto de vista da interoperabilidade ter usado um formato de ficheiro standard, como por exemplo o ODF, ou o mais polémico OOXML. Não tem qualquer sentido, e se o esforço vai no sentido de integrar mais os Mac (e o Mac OS X) em ambiente empresarial, decerto que a compatibilidade com os formatos existentes deveria ter sido uma das prioridades de topo. A meu ver, este é claramente “um tiro no próprio pé” da Apple.
Do meu ponto de vista o Pages tem tudo o que precisa para se tornar um bom processador de texto. É simples, rápido, leve, possui uma boa interface, está bem integrado com as restantes aplicações Mac OS X, tem um preço apetecível, etc. No entanto, e visto que lhe continuam a faltar algumas funcionalidades que considero fundamentais, só posso continuar a usar e a aconselhar o NeoOffice (um derivado do OpenOffice para Mac OS X, totalmente gratuito), ou uma alternativa comercial, o Microsoft Office 2008 for Mac (Word 2008 for Mac).